terça-feira, 12 de abril de 2016

Caderno das oportunidades perdidas

Às vezes é preciso pegar um desses cadernos velhos que você comprou para aquele curso de francês ou espanhol que nunca fez e começar a preencher com todas as frases que você deveria ter dito. Coloque também o para quem você deveria ter dito e por quê. Coloca lá os "pare com essa porra" que ficaram engasgados bem do lado dos "eu te amo" atrasados. Coloca seus exageros que disseram pouco da mensagem que queriam ter dito. E também as pequenices que gritaram e não foram ouvidas. Não pare aí! Coloque gestos. Aquele abraço no meio da rua que você ficou tímido de dar naquela pessoa que significava demais e nem ficou sabendo. Aquele café que você queria convidar aquela pessoa legal para tomar com você, aquela viagem maluca que você planejou tanto pra trocar por outra coisa, ou aquela coisa que apareceu e mesmo sendo a maior viagem, não terminou como você queria. E não terminar como você queria não significa não terminar como não deveria. Se você olhar bem para essa lista - que talvez agora esteja já bem grande - vai perceber que além dos cheiros e gostos e sons que trançaram o véu do que está passado, tem um tutorial gigante de vida interna te pulsando para não deixar passar. Ou para passar com gosto, com requinte, com aprendizado, com criatividade, existem tantos outros novos erros a se cometer quantos grãos de água na areia do mar. E será que não é por lá, na areia, que você poderia deixar esse caderno? 

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